As pessoas que falam enquanto dormem costumam ter um medo em comum: que as pessoas ao redor ouçam o que elas estão dizendo – já que tudo é inconscientemente. No entanto, será que há alguma explicação para esse “fenômeno”? Tem como parar com isso?
Curiosamente, considere que alguns cientistas ficaram tão conturbados com o medo e a angústia que as pessoas têm ao falar coisas dormindo que foram buscar até mesmo quais as palavras que são mais ditas nesse momento. E eles descobriram algumas coisas interessantes.
O que é o sonambulismo
Antes de falarmos qualquer coisa, entenda que o sonilóquio tem como doença primária o sonambulismo. Por isso, vamos entender ele. Basicamente, estamos falando de um distúrbio do sono que ainda tem causa desconhecida, apesar das hipóteses.
O que se sabe de fato é que é mais comum em homens e crianças. Ele acontece durante a fase mais profunda do sono. E as características principais passam pelas atividades motoras sem a pessoa ter total consciência delas, como andar, falar.
E por acontecer em um momento que fica entre o sono e a vigília, em uma semiconsciência, considere que a pessoa não vai lembrar do que fez quando acordar. No geral, esses movimentos acontecem umas 2 horas após a pessoa dormir e duram segundos ou minutos.
O sonâmbulo tem que ser acordado?
Aqui já vale a pena, mencionarmos um mito. Antigamente, muito se falava sobre não acordar o sonâmbulo. Aliás, outros diziam que era preciso assustá-los para que ficassem curados. Na verdade, nem um e nem outro.
O que se sabe é que eles podem ser acordados e dar o susto não é legal. Apesar disso, ao serem acordados, eles ainda estarão sonolentos e confusos. Por isso, recomenda-se que os leve para a cama. Já no caso da fala aleatória, não é preciso fazer nada.
E apesar de não ter motivo causador claro, o que se considera é que há fatores que predispõe a doença, como é o caso da privação do sono, dos distúrbios psiquiátricos, doenças respiratórias, febre, consumo exagerado de álcool e outras drogas, além de medicamentos.
O que se recomenda para quem vive com sonâmbulos
Por ser uma doença positiva do sono, que pode não causar maiores problemas, o que se recomenda é tomar os devidos cuidados para evitar que problemas surjam. Por exemplo, no ambiente, vale a pena trancar portas e janelas, além de retirar as chaves da fechadura.
Outra coisa é colocar telas e grade de proteção, além de bloquear o acesso às escadas, não permitir que o sonâmbulo durma na parte de cima de beliches ou lugares altos demais, além de guardar facas em lugares de difícil acesso.
Já para quem tem a doença, vale a pena evitar o consumo de alcoólicos, evitar atividades como TV ou videogame antes de dormir, além do cultivo de hábitos saudáveis, como alimentação balanceada e atividade física. Além de respeitar o ciclo do sono.
O que se deve fazer em casos de sonambulismos
Abaixo, vamos falar um pouco mais disso, mas para um primeiro momento, considere a importância de procurar um médico. Atualmente, o mais indicado é o clínico geral, que vai poder fazer o encaminhamento para outras especialidades.
Por exemplo, o neurologista, o médico do sono, o psiquiatra ou o geneticista. E agora que você conhece quase tudo do sonambulismo, chegou a hora de focarmos mais no sonilóquio, correto? Vamos falar disso a partir do próximo tópico.
O que é sonilóquio
O nome é bonito demais, só que na tradução não temos nada diferente do que você já sabe: sonilóquio é o ato de falar dormindo, o que é bem comum de acontecer. Aliás, mais comum do que você pensa, viu.
O fato é que há algumas curiosidades nisso. Por exemplo, a soniloquência é uma forma de sonambulismo, só que ao invés de andar, pessoa se expressa através da fala. Aliás, ela até poderia mandar mensagens no celular, acredita?
E conforme um estudo feito pela FioCruz, que é da Fundação Oswaldo Cruz, saiba que a ação de falar dormindo é vista como “inofensiva”. Ou seja, mesmo que a pessoa grite ou fale palavrões enquanto dorme isso não quer dizer que ela vai matar alguém, por exemplo.
A explicação para o fenômeno
Tudo gira em torno de uma atividade do sistema nervoso. Assim, a pessoa não acorda por completo, mas chega a estar em um estado chamado de “semiconsciência”. O resultado é algumas ações básicas e corriqueiras podem acontecer, como falar.
Para um estudioso do hospital clínico San Carlos, em Madri, na Espanha, isso acontece quando estamos na fase do sono mais profundo, que é antes de entrarmos em sonhos. Por isso, é comum que sejam ditas palavras isoladas e até mesmo sem conexão.
Logo, a boa notícia é que você pode ficar tranquilo porque você não vai revelar nenhum segredo de Estado, como acontece em filmes. E isso não acontece devido ao pouco nível de consciência que a pessoa tem.
Porém, dá para conversar com quem está dormindo
Ao mesmo tempo, o pesquisador citado acima, que se chama Jesús Porta-Etessam, diz que dá para conversar com a pessoa que está falando e que, possivelmente, ela vai dar uma boa resposta para a sua pergunta.
Só que isso não quer dizer que ela esteja consciente, ok? Na verdade, o falar ou caminhar durante o sono não vai ser lembrado por ela no dia seguinte. São episódios que não são memoráveis, ele diz. E tudo isso faz parte das características do sonambulismo.
O que os pesquisadores dizem
Há uma concordância entre os pesquisadores de que o que provoca essa “conversa” durante o sonho tenha a ver com uma reação de uma região do cérebro que paralisa a fala durante o dia, mas que os movimentos/hormônios do sono deixam fluir durante a noite.
É como se o seu corpo pudesse soltar a voz, sabe? E uma das últimas pesquisas que saíram foi de um periódico internacional chamado “Sleep”. Ele diz que a conversa durante o sono, na maioria das vezes, está cheia de palavrões, frases negativas e até mesmo vulgares.
E, de fato, quase sempre, são palavras que se direcionam para outras pessoas. Então, se você tem medo de que alguém ouça o que está dizendo enquanto dorme, saiba que você tem razão. Mas, calma que vem mais explicação abaixo.
A pesquisa para descobrir o que as pessoas falam
Isabelle Arnulf é da Universidade de Distúrbios do Sono de Paris, que fica na França, e diz que foram pesquisadas mais de 230 pessoas, sendo todos adultos. Eles foram voluntários do programa e foram gravados dormindo por 2 dias. Assim, são mais de 880 episódios de falas.
O que quer dizer que os pesquisadores conseguir decifrar mais de 3,3 mil palavras e tudo caiu em outra revista, a Medical News Today. Ficou curioso para saber a resposta? A palavra mais comum foi “não”. Só que isso não é nada se a gente considerar os palavrões.
Aliás, 10% do todo considera essas palavras feias, negativas e que são xingamentos mesmo. Elas apareceram mais de 800 vezes e são bem mais comuns durante o sono do que durante o dia, conforme relatam os estudiosos da pesquisa.
O que as pessoas mais falam durante a noite
Bom, só para contextualizar, a gente tem o “não”, como palavra mais comum. Só que além dele, considere que os homens acabam fazendo juramentos mais do que as mulheres enquanto dorme, acredita? Os juramentos são no sentido de “promessa”.
Além do mais, se os sonhos são estressantes, como em cenas de trabalho ou discussões com familiares, é comum que os palavrões e vários “nãos” apareçam mais vezes. A conclusão fica na fala de Arnulf, que diz que:
“Falar no sono é muito parecido com o falar acordado, em termos de gramática correta, orações subordinadas e até silêncios esperados nas respostas. Porém, a linguagem é mais negativa, mais tensa, mais vulgar e sempre dirigida a alguém”.
Todo mundo pode falar dormindo
Apesar de ser mais frequente em crianças, os estudiosos citados aqui e outros dizem que é um fato que pode acontecer também com adultos, ao menos, de vez em quando. Agora, de fato, algumas pessoas são mais propensas do que outras.
Aliás, pessoas que falam dormindo também podem ter o “hábito” de andar enquanto dormem, já que são pequenas variações do sonambulismo. Agora, o motivo que causa isso não é tão bem explicado, sendo que na maioria das vezes acaba caindo em “uso de remédios”.
Isso porque uma boa parte dos remédios indutores de sono também podem causar essa semiconsciência nas pessoas. Mas, a boa notícia é que isso não indica que há uma necessidade de tratamentos, já que não afeta a boa noite de sono do indivíduo.
Outros transtornos
No entanto, quando esses casos são mais comuns do que raros, aí sim indica-se a procura por um médico especialista. Isso porque ele vai poder fazer exames e consultas a fim de descobrir, através do estudo do sono, se há outros transtornos envolvidos.
Inclusive, o tratamento também se faz necessário em caso de crianças, quando há o risco de descerem escadas, irem até a cozinha ou saírem de casa, por exemplo. Assim, nesses casos, o tratamento é através da higiene do sono, o que tem que ser acompanhada de médicos.
