Ele tem a pele azul, um terceiro olho, é pai de Ganesha e um dos deuses mais apreciados de todo hinduísmo. Estamos falando do Shiva, que apesar de tanta fama ainda esconde muitos mistérios. É o deus supremo da seita shaivista e chamado de grande professor.
Para além dos títulos, nas próximas linhas você vai conhecer mais da história do deus Shiva, com base no que diz a religião hindu, uma tradição do continente indiano. Essa é a 3ª maior religião do mundo, ficando atrás apensa do cristianismo e do islamismo.
A história do deus Shiva
Como falamos acima, nem sempre é fácil encontrar explicações para os mistérios que existem acerca dessa religião. E isso começa pelo nascimento do deus Shiva. Há várias versões sobre isso. Primeiro, precisamos retomar o fato dele ser uma divindade bondosa.
Assim, ele não nasce e também não morre. É como o Jesus Cristo do Cristianismo, entende? Portanto, não faz sentido entender ou saber sobre o nascimento dele, especialmente pensando na figura de mãe ou pai. Ele é o deus mais antigo do panteão hindu.
Por outro lado, o que se sabe é que Shiva é casado com Parvati, que seria a Deusa Mãe do hinduísmo. A tradição diz que é uma espécie de “compensação feminina” do poder divino. Para os hindus, Parvati é a reencarnação da deusa Sati. E eles tiveram um filho, Ganesha.
Ganesha
A união de Shiva com Parvati resultou em Ganesha, que é uma versão muito mais conhecida do mundo hindu. Até mesmo quem não conhece a religião, acha esse deusinho uma graça. No entanto, a lenda conta sobre um fato estranho.
Como Shiva não dava muita atenção para Parvati, ela acabou se descuidando da higiene pessoal e da sujeira do corpo moldou o filho. A partir disso, ela tinha com que se preocupar mesmo na ausência do marido. Ou seja, Ganesha não nasceu, ele foi criado.
E aí vem o grande detalhe. Quando Shiva chegou em casa não sabia que tinha filho e nem o filho sabia dele. Ganesha tentou parar o homem estranho que entrava em casa e, por isso, Shiva cortou a cabeça dele. Para consertar, Shiva caçou e encontrou a cabeça de elefante.
A pele azul de Shiva
Agora, por que é que Shiva tem a pele azul? Já deu para entender a história da cabeça de elefante do Ganesha, né? A questão da cor da pele, no entanto, tem origem do veneno que ele tomou para salvar todos. É isso que conta a lenda.
Em um oceano de leite, deus e demônios habitavam a Terra. E eles descobriram na profundeza dos oceanos um tipo de néctar. Ele tinha o poder mágico da vida eterna, porém, como chegar até lá era o problema. Para isso criaram um redemoinho a partir de uma cobra.
E o oceano fez submergir vários tesouros, como o veneno mais mortal do mundo. E para evitar que o veneno chegasse ao povo, Shiva o engoliu. Parvati apertou o pescoço do marido e impediu que o veneno se espalhasse mais. Mas, o líquido queimou a garganta e o deixou azul.
Shiva tem um terceiro olho
Mais uma curiosidade sobre o Shiva é que ele tem um terceiro olho. E isso também tem explicação. Afinal, os traços físicos dele são bastante diferentes. Considere que o terceiro olho serve para captar coisas extra-sensoriais. Assim, ele vê algo que somos incapazes de ver.
É uma espécie de olho que é voltado para dentro, para o interior, para a existência. Por isso, ele é um deus que sempre se associa a sabedoria. Ele vê as coisas como elas são, sem se importar com influências e memórias. Quem não gostaria de ter esse olho, hein?
Ah, e não que tenha a ver diretamente com o terceiro olho, mas saiba que ele é considerado o primeiro praticante de yoga do mundo. Foi ele que trouxe essa ciência espiritual para os humanos. Assim, ele dançava muito e nos momentos de paz, fazia a meditação.
Shiva como um sábio yogi
Sobre a tradição de ser o primeiro praticante de yoga, considere que a história é que Shiva aparecia na Terra em forma de um sábio yogi. Assim, se tornou um modelo para os novos praticantes da atividade. No entanto, a sabedoria dele incomodou o rei dos demônios.
Assim, ele enviou para a Terra uma cobra, que tinha o papel de matar Shiva. Mas, Shiva conseguiu domar ela com um encanto e passou a usar ela como adorno no pescoço. O demônio enviou um novo ataque, em forma de tigre.
Shiva não conseguiu o controlar. Por isso, optou por matar. O resultado é que usou a pele dele como roupa. É por isso que durante o período neolítico, o Shiva era chamado de Pashupati (que é a união de expressões como mestre dos animais).
Shiva, o destruidor
E por mais irônico que pareça, considere que Shiva é o deus da destruição também. Então, o Shiva também representa a morte e a destruição. Só que isso tem uma explicação. Ele faz isso para criar um ciclo eterno de movimento, já que há outros dois deuses criadores da vida.
Brahma é o deus da criação e Vishnu é o deus da preservação. Enquanto um cria a vida, o outro preserva. Mas, Shiva aparece para destruir tudo e iniciar o ciclo de novo. Então, a ideia de destruição está muito mais ligada a um novo começo, da vida divina, do que outra coisa.
A grande noite de Shiva
No Nepal e na Índia, essa tradição ainda é muito atual e frequente. Entre os meses de fevereiro e março, os devotos do hinduísmo celebram o Maha Shivaratri, que significa Grande Noite de Shiva. O festival é muito expressivo.
Isso porque nesse dia acontecem homenagens a alusão do casamento de um deus com uma mulher, Parvati. Por isso, os hindus fazem vigília e andam pelas ruas meditando, com fantasias, fazendo orações e entoando mantras. Além disso, ofertam elite e açúcar ao deus.
Outras simbologias do Shiva
Agora, em várias imagens do Shiva dá para ver alguns detalhes que contam muito sobre ele. Por exemplo, ele tem em uma das mãos um tridente, que é uma arma usada na destruição – da ignorância humana. E outras vezes, ele tem o fogo, que é um centro de energia.
Na cabeça, há um jorro de água, que tem a ver com o rio Ganges. Ele era tão violento que poderia destruir a Terra com a sua força. Mas, Shiva, permitiu que o rio batesse em sua cabeça antes de seguir o fluxo normal. Isso amorteceu o impacto.
E ele ainda tem o lingam, que representa o pênis. Assim, ele também indica a energia masculina, que pode ter sido a origem do universo. Mas, sempre há o símbolo de uma vagina, que mostra que é preciso haver a união do masculino com o feminino.
Outros deuses do hinduísmo
Citamos aqui os dois primeiros deuses que existiram, Brahma e Vishnu. Depois, o deus supremo, Shiva. Junto com ele, temos a Parvati e daí vem o deus Ganesha. Todos foram citados aqui. Porém, há outros que são importantes na religião hindu. Veja só.
Shakti é a grande mãe, que também é um ser supremo, sendo a forma cósmica inicial e das energias das divindades. Saraswati é a deusa da sabedoria, ligada especialmente a arte, como música. É a mulher de Brahma. Lakshmi é a deusa do dinheiro e é esposa de Vishnu.
Tem ainda Kai, a furiosa mãe do tempo. Durga, a deusa protetora. Krishna, o deus da devoção. Rama é o modelo de ação e virtude. Hanuman é o símbolo da força.
As diferenças entre o hinduísmo e o budismo
Para quem é da religião católica nem sempre é fácil entender como é cada uma das outras regiões que existem. Por isso, se você leu esse texto e está achando que o hinduísmo é o mesmo que o budismo, saiba que não é. E não porque o budismo tem o Buda.
Na verdade, ambas as culturas compartilham da mesma crença, como da reencarnação. Elas também usam conceitos de “dharma” e “karma”. Porém, budistas buscam o Nirvana, um estado de paz e felicidade eterna. Já os hindus almejam o moksha, o conhecimento por meio dos deuses.
Além disso, o budismo vem do conhecimento de Buda, sendo uma religião importante na China. Enquanto que o hinduísmo surgiu dos Vedas, textos sagrados escritos pelo povo ariano. É a religião oficial dos indianos.
Os países que maior população hinduísta
O país mais conhecido no mundo todo que tem a crença hindu é a Índia. No entanto, além dela, saiba que o Nepal, Bangladesh, Sri Lanka, Malásia, Paquistão, Fiji, Guiana, Reino Unido, Estados Unidos, Canadá, Trindade e Tobago, além de Sinagupura e as ilhas Maurício tem muita gente dessa crença.
E só para concluir a ideia sobre essa religião, para quem ainda não conhece, saiba que eles acreditam em um espírito supremo cósmico, que é adorado em várias formas, representando divindades individuais. E é nesse contexto que entra o Shiva, que você acabou de conhecer.
