Saiba quem foi Christine de Pizan, considerada a primeira feminista do mundo

Nascida em Veneza, na Itália, em 1363, Christine morreu aos 67 anos, no ano de 1430. Morou em Paris, na França, onde tinha cidadania. Foi uma escritora importante e ficou conhecida por ser a primeira feminista do mundo. A sua maior obra é “O Livro da Cidade de Senhoras”.

No decorrer do texto, nós vamos falar mais sobre ela. No entanto, para um primeiro momento é preciso entender como foi essa defesa dela pelo sexo feminino. A se começar pelo termo “Querelle de la Rose”. Não sabe o que é isso? Continue lendo que você não perde por esperar!

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Foto: (reprodução/internet)

Querelle de la Rose

O termo é usado para falar sobre o “Debate da Rosa”. Mas, o que seria isso? É considerado o primeiro debate público em defesa do gênero feminino no mundo. Por trás, a Christine enfrentou Jean de Montreuil e Gontier Col.

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O debate aconteceu através da troca de cartas envolvendo a crítica sobre o Romance da Rosa, escrito por Jean de Meung. Os versos tinham visão negativas das mulheres, que eram representadas como “ardilosas” e “desleais”.

Essa briga ganhou força em 1401, quando a feminista escreveu a primeira carta diretamente em resposta a Jean de Montreuil denunciando os intelectuais da época que defendiam essa tese e os versos do texto original.

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A continuação

Depois dessa primeira carta, onde Pizan cita que a literatura deve ter como função a orientação moral para além da qualidade estética, foi Col que pediu a retratação da feminista. O que não aconteceu, de fato.

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Ao contrário, além da recusa, Christine reiterou a sua posição, garantindo o debate que continuava a crescer. Nas cartas, ela também cita a sua condição como mulher, sendo privilegiada para dar argumentos. 

Para continuar, ela compila mais de 150 relatos biográficos de mulheres ilustres, especialmente na ciência e na arte. A ideia foi servir como exemplo inspirador para outras mulheres, além de formar evidências para falar da natureza feminina e o uso da razão.

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Querelles des Femmes

Logo após esse primeiro passo que foi dado, mais tarde, surgiu a Querelles des Femmes, que tem a ver com um conjunto de textos escritos em 4 séculos e que reúne as temáticas acerca do papel da mulher na sociedade. É uma espécie de estatuto da mulher

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Foto: (reprodução/internet)

Esse estatuto conta com textos de Lucrezia Marinella (1600), de Mary Astell (1694) e de Mary Wollstonecraf (1792), entre outros. No geral, eles possuem estratégia política, com dimensão filosófica e que abordam a igualdade entre os sexos.

E só para considerar a contextualização, saiba que atualmente a expressão que melhor define o feminismo é: “doutrina que preconiza o aprimoramento e a ampliação do papel e dos direitos das mulheres na sociedade”. Ou seja, é um conjunto de movimentos.

As obras de Christine de Pizan

No português, Cristina de Pisano foi uma escritora que deixou várias obras, sendo mais de 40 em gêneros literários variados. A linguagem original está no francês médio, que era falado no século XIV e XV. Há livros de instrução moral, guias políticos e defesa do sexo.

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Entre as obras mais importantes da autora, a gente pode mencionar aqui a Carta ao Deus do Amor (1399), a Cidade das Damas (vários manuscritos), o Livro das Três Virtudes (1405) e Le Ditié de Jehanne d’Arc (1429). Uma das primeiras obras foi Caminho de Longo Estudo (1402).

A Cidade das Damas 

Essa é a obra que colocou Christine no topo das mulheres que mais incentivaram o feminismo na Época Medieval. A obra tem uma espécie de continuação, com O Tesouro da Cidade das Damas. E marca uma alegoria em defesa das mulheres.

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A ideia foi a de criar uma cidade metafórica, que foi construída por mulheres e para mulheres heroicas. No livro, há diálogos entre três mulheres que são a personificação da razão, da retidão e da justiça. A retórica crítica a opressão das mulheres a partir dos escritores homens.

O livro foi produzido em um manuscrito iluminado, supervisionado por ela mesmo.

A biografia de Christine de Pizan

Agora voltando um pouco mais para a vida da feminista, considere que ela tinha 4 anos quando mudou com a família para Paris. O pai, Tommaso, foi nomeado como secretário de Carlos V, rei da França, no ano de 1368. Ele também era astrólogo.

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No ano de 1380, ela se casou com Etinenne de Castel, que era secretário da chancelaria do rei. Eles tiveram dois filhos e uma filha. A morte do marido foi inesperada, em 1389, pouco depois da morte do pai. Assim, encontrou na poesia uma forma de sustentar a família.

As poesias começaram a ser escritas em 1390. Curiosamente, em uma biografia ela diz que com a morte e do marido precisou encontrar formas de sustentar a família e foi isso que a fez sair das questões domésticas, mudando o roteiro da sua vida.

Mais sobre Christine

Ela é filha de médico e astrólogo, sendo um intelectual da época. E começou a gostar de assuntos literários desde cedo, sendo que sempre lhe deu bem com obras da literatura, da mitologia e de idiomas. Ela cresceu em um ambiente muito propício a educação. 

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Já a mãe era mais conservadora, e ainda que a instruía de forma intelectual, sempre reforçou o papel dela de forma doméstica, com base no que era costume da época. Com essa junção de fatores, ela é uma das mulheres que, até hoje, possui um dos discursos mais consciente. 

O casamento dela aconteceu quando ela tinha 14 anos e resultou em 3 filhos. Ou seja, até o início, ela seguia as medidas domésticas da época. Só que com a morte do pai e marido foi que o jogo virou, como veremos abaixo. Viúva aos 25, ela tem livros sobre viúvas que impressionam. 

A liberdade da escritora

Durante a Idade Média, quando uma mulher ficava viúva, ela se torna mais livre para seguir carreiras como essa, de escritora. Especialmente, as aristocratas. Foi a partir disso que ela se tornou autora, editora e publicadora. Também atuava como copista de manuscritos. 

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Além de feminista, também foi considerada a primeira mulher escritora profissional do ocidente. Sendo que em 1394 começou a escrever a obra Livre des cent ballades, ou o Livro das Cem Baladas, sob encomenda de mulheres dos príncipes.

E dá para lembrar ainda que ela viveu um momento político conturbado, que foi marcado por disputadas de líderes na monarquia e no papado. Por exemplo, a Guerra dos Cem Anos, onde a França foi devastada pela Inglaterra. Ela saiu da corte em 1418 devido a Guerra Civil.

Outros nomes femininos importantes na Idade Medieval

Apesar de toda a história de Christine, considere que ela não é o primeiro nome mais importante entre as mulheres que aparece na história medieval. Hildegarda de Bingen talvez tenha sido a primeira, em 1908 junto com Herrar de Landsberg, em 1130.

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Elas foram estudiosas dos campos teológicos e cientifico. Landsberg escreveu “Jardim de Delícias” sendo a síntese mais segura cientifica da época. Depois delas sim, veio a Christine de Pizan, que foi uma poetista que a gente conheceu agora pouco.

E também é possível falar de rainhas, como Leonor de Aquitânia (1122) e Branca de Castela (1188), que eram avó e neta, com funções reais e assumindo poder após a morte dos maridos. A imperatriz Adelaíde da Itália é outro nome, como Teofânia Escleraina. 

Outras feministas ao longo da história

Além de Christine, dá para falar de Simone de Beauvoir também, que citaremos abaixo. Mas, após elas, ainda dá para citar outras referências no tema, como Angela Davis, Judith Butler, Linda Nochlin.

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Foto: (reprodução/internet)

Já as mais atuais são Djamila Ribeiro e Chimamanda Ngozi Adichie.

A morte de Christine de Pizan

Um dos fatos curiosos sobre Pizan é que a data da morte dela não né consensual entre os estudiosos. Assim, há quem fale que tenha sido aos 67 anos, como citamos lá no início do texto. De todo modo, mais importante do que isso foi a eternização das obras dela. 

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Acredita-se ainda que após a derrota francesa em Agincourt, no ano de 1415, ela tenha se afastado do tribunal e se retirou em um convento. Foi assim que a escrita parou. Mas, assim ainda, ela lançou mais um livro, em 1429, sobre Joana D’Arc. Ela morreu no convento.

E aqui a gente vai deixar mais uma dica de leitura, que é sobre Simone de Beauvoir, que foi uma estudiosa das obras de Christine Pizan. Assim, temos dois dos nomes mais fortes do feminismo hoje em dia e que são um “prato cheio” para quem gosta do tema. 

Sobre Simone de Beauvouir

Simone é uma francesa de Paris. Ela seguiu passos parecidos com a Pizan, sendo que foi escritora, intelectual, filósofa, femininas, ativista política, teórica, etc. O pai era advogado e ex-membro da aristocracia francesa. A mãe era da alta burguesia francesa. 

Passou em matemática e filosofia. Mas estudou matemática e literatura mais tarde. Teve um relacionamento aberto com Jean-Paul Sartre, por toda a vida. É dona de romances sobre política, filosofia e questões sociais. O Segundo Sexo (1949) é a obra mais conhecida dela.