Às dez em ponto, os corredores sombrios do Hotel Dynasty estavam estranhamente silenciosos. Karina Costa ficou diante da porta rotulada como Suíte Presidencial 7203, os números ousados reluzindo sob a fraca luz dos corredores.
“É isso,” murmurou ela, sua voz mal acima de um sussurro.
Seu telefone vibrou em sua mão, quebrando o silêncio. Ela deu uma olhada na mensagem na tela, seus dedos tremendo levemente.
[Karina, sua tia concordou. Se você mantiver o Sr. Francisco feliz, eu pagarei imediatamente as despesas médicas de seu irmão.]
—Lucas Costa.

Sua expressão permanecia impenetrável, uma máscara que ela havia aperfeiçoado ao longo de anos de dor e humilhação. Sob sua aparência composta, seu coração parecia pesado; cada batida ecoava como um tambor distante em seu peito.
Por tanto tempo quanto podia lembrar, a vida tinha sido cruel. Após seu pai se casar novamente, ela e seu irmão mais novo se tornaram nada além de fardos. A malícia de sua madrasta não tinha limites, submetendo-os a anos de negligência e abuso. Fome e roupas rasgadas eram algo dado; hematomas e palavras duras eram rotina.
E agora, Lucas—o homem que deveria tê-la protegido—tinha ido um passo além. Para apagar suas dívidas comerciais, ele estava a forçando a algo inimaginável.
O estômago de Karina revirou, seus dedos pálidos apertando o telefone. Ela havia se recusado no início, mas sua desobediência encontrou um ultimato aterrorizante: se ela não obedecesse, o tratamento médico de seu irmão seria interrompido imediatamente.
Seu irmão. O pensamento de seu rosto inocente invadiu sua mente. Ele não merecia sofrer por causa da ganância de sua família. Seu autismo exigia cuidados contínuos, e perder mesmo uma única consulta poderia comprometer seu progresso.
Dando um suspiro profundo, Karina se preparou. Ela não tinha escolha.
Seus nós dos dedos pairaram sobre a porta antes de hesitar. O silêncio se esticou fino, opressivo como um cobertor pesado. Finalmente, ela deu um leve empurrão na porta, surpresa quando ela rangeu ao se abrir.
O quarto além estava envolto em escuridão, um vazio pouco convidativo. Karina franziu a testa, o mal-estar se infiltrando em seus pensamentos. Ela deu um passo cauteloso para a frente, o carpete felpudo abafando seus passos.
“Sr. Francisco,” ela chamou suavemente, sua voz ecoando pela quietude. “Eu entrei...”
Suas palavras se desvaneceram conforme seus olhos lutavam para se ajustar ao espaço totalmente escuro. O ar era denso, o leve aroma de colônia cara pairava. Algo sobre o silêncio parecia errado—muito deliberado, muito pesado.
Karina engoliu em seco, forçando-se mais para dentro do quarto. Seu pulso acelerou, cada batida reverberando em seus ouvidos enquanto a escuridão inquietante parecia pressionar mais perto.
Isso seria o começo de seu pior pesadelo—ou algo mais sombrio do que ela havia imaginado?